quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Dança: RUDOLF NUREYEV



Rudolf Khametovich Nureyev (Irkutsk, 17 de março de 1938 - Paris, 6 de janeiro de 1993) foi um bailarino clássico, nascido na União Soviética, considerado por muito críticos o melhor bailarino do século XX, e, possivelmente, o melhor que já existiu.

Ele nasceu em um trem perto de Irkutsk, enquanto sua mãe empreendia uma viagem da Sibéria até Vladivostok, onde seu pai, um comissário do Exército Vermelho de origem tártaro, estava destinado. Cresceu em um povoado próximo a Ufá, na República de Bashkortostan. Quando criança, ele foi incentivado a aprender danças folclóricas, sendo um bailarino precocemente destacado.

Devido à perturbação da vida multicultural soviética causada pela Segunda Guerra, Nureyev não pôde começar seus estudos em uma boa escola de balé até 1955, quando foi enviado à Academia Vaganova de Balé, dependente do Balé Kírov em Leningrado. Ali foi discípulo do célebre mestre de balé Aleksandr Pushkin. Apesar do início tardio, foi logo reconhecido como o bailarino com mais talento que a escola teve em muitos anos. Seu temperamento era extremamente difícil e isso é atribuído, especialmente, a seus problemas pessoais, fortemente vinculados aos conflitos internos sobre sua própria sexualidade, o que se torna mais evidente ao olharmos seu passado.

Ao fim de dois anos, Nureyev era um dos bailarinos russos mais conhecidos, em um país onde o balé era venerado e onde os bailarinos eram tidos como heróis nacionais. Pouco depois gozava do privilégio excepcional de poder viajar para fora da União Soviética, como quando se apresentou em Viena no Festival Internacional da Juventude. Algum tempo depois, devido a sua conduta, não mais foi permitido que viajasse ao exterior, limitando suas atuações a turnês pelas províncias russas.

Em 1961 sua vida mudou. O principal bailarino do Kírov, Konstantín Sergueyev, sofreu um acidente e Nureyev foi escolhido para substituí-lo em Paris. Ali sua atuação impressionou ao público e à crítica. Porém, Nureyev quebrou as regras quanto a associação com estrangeiros. Ao se dar conta de que provavelmente após essa ocasião não voltariam a permitir viagens para fora da União Soviética, em 17 de junho do referido ano ele pediu asilo político, quando estava no aeroporto de París, Le Bourget. Anos mais tarde, arquivos secretos da KGB que foram a público revelaram que o Primeiro Ministro Nikita Jruschchov ordenara o assassinato de Nureyev.

Logo após uma semana, Nureyev seria contratado pelo Grand Ballet du Marquis de Cuevas e atuaria na Bella Durmiente com Nina Vyroubova. Nureyev se tornou uma celebridade instantaneamente no Ocidente. Sua dramática deserção e seu talento excepcional o converteram em uma estrela internacional. Isto lhe deu o poder de decidir onde e com quem dançaria.

Sua deserção também lhe deu a liberdade pessoal que lhe havia sido negada na União Soviética. Durante uma turnê na Dinamarca conheceu a Erik Bruhn, um bailarino dez anos mais velho do que ele, que se tornou seu amante, melhor amigo e protetor (principalmente de sua própria loucura) durante muitos anos. A relação foi tumultuosa devido à promiscuidade sexual de Nureyev, mas os dois se mantiveram unidos.

Ao mesmo tempo, Nureyev conheceu a Margot Fonteyn, a principal bailarina britânica de sua época, com quem teve uma relação profissional e amigável. Ela o introduziu no Royal Ballet de Londres, que se converteria na sua base de atuações durante o resto de sua carreira artística.

Nureyev foi imediatamente solicitado por cineastas, e em 1962 fez seu debut cinematográfico em uma versão dos Silfides. Em 1976 representou Rodolfo Valentino no filme de Ken Russell, mas Nureyev não tinha talento e nem  temperamento para dedicar-se ao cinema. Começou com dança moderna no Balé Nacional de Holanda em 1968 e em 1972 Robert Helpmann o convidou para uma turnê pela Austrália com sua própria produção de Don Quixote, fazendo ali seu debut como diretor.

Durante a década de 70, Nureyev fez aparições em vários longa-metragens e viajou pelos Estados Unidos em uma reposição do musical da Brodway O Rei e Eu. Se considera que sua aparição no programa The Muppets Show, então em dificuldades, impulsionou para que o programa se tornasse um êxito internacional. Em 1983 foi nomeado diretor do Balé de Ópera de Paris, onde, além de diretor, continuou dançando. Apesar de sua já avançada enfermidade, até o fim de sua carreira trabalhou incansavelmente, produzindo algumas das obras mais revolucionárias de sua época.

O talento e encanto de Nureyev fez com que fosse perdoado muitas vezes, mas a fama não melhorou seu temperamento. Era notavelmente impulsivo, temperamental, pouco confiável e grosseiro com quem trabalhava. Entre o grupo que frequentava, se encontravam pessoas como Jaqueline Kennedy Onassis, Mick Jagger, Freddie Mercury e Andy Warhol,  tinha pouco tempo os demais. Ao final da década de 70, já passando dos 40 anos de idade, estes altos e baixos de caráter se acentuaram, provavelmente ao dar-se conta do declive de suas forças físicas.

Quando a AIDS surgiu na França ao redor de 1982, Nureyev, como muitos outros homossexuais franceses, ignorou a seriedade da doença. Supostamente contraiu o HIV durante o começo dos anos 1980. Durante vários anos negou que tivesse algum problema de saúde. Quando, por volta de 1990, sua enfermidade era evidente, ele alegou outros problemas de saúde e se negou a aceitar os tratamentos então disponíveis.

Finalmente, no entanto, teve que aceitar o fato de que estava morrendo. Ganhou a admiração de muitos de seus detratores por sua coragem durante esse período, e continuou aparecendo publicamente, apesar de sua degeneração física. Em sua última aparição, em 1992 no Paçácio Garnier de Paris, Nureyev recebeu uma emociante ovação do público. O ministro francês de cultura, Jack Lang, lhe entregou o maior título cultural da França, o de Cavalheiro da Ordem das Artes e Letras. Morreu meses depois, aos 54 anos, na cidade de Paris.

Recebeu sepultura anos mais tarde no cemitério de Sante-Geneviève-des-Bois, no dia 13 de janeiro, a 20 metros da tumba do coreógrafo Serge Lifar. Esses dois bailarinos e coreógrafos foram os únicos artistas da chamada escola de balé russa a dirigir o balé da prestigiada Ópera de Paris.

Na sequência, vídeo em que Rudolf Nureyev atua na peça Don Quixote com a bailarina e professora de balé, australiana, Lucette Aldous.

Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Rudolf_Nureyév


Don Quixote-  Rudolf Nureyev e  Lucette Aldous 1973


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