sábado, 13 de dezembro de 2014

Literatura: F. SCOTT FITZGERALD


Francis Scott Key Fitzgerald, mais conhecido como F. Scott Fitzgerald (Saint Paul, 24 de setembro de 1896 -  Hollywood, 21 de dezembro de 1940), foi um escritor, romancista, contista, roteirista e poeta norte-americano. 

Fitzgerald é considerado um dos melhores escritores americanos do século XX. Suas histórias, reunidas sob o título Contos da Era do Jazz, refletiam o estado de espírito da época. Foi um dos escritores da chamada "geração perdida" da literatura americana.

Oriundo de família católica irlandesa, Francis ingressou na Universidade de Princeton, mas não chegou a se formar. Durante a primeira guerra mundial, alistou-se como voluntário. Começou a carreira literária em 1920, com This Side of Paradise (Este Lado do Paraíso), romance que lhe deu grande popularidade e lhe abriu espaço em publicações de grande prestígio, como a Scribner's e o The Saturday Evening Post. Seu segundo romance, The Beautiful and Damned (Os Belos e Malditos), foi publicado em 1922.

Com a esposa Zelda Sayre, que introduziria um componente trágico na vida do escritor (em 1930 foi internada num hospício), Fitzgerald mudou-se para a França, onde concluiu o terceiro e o mais célebre de seus romances, The Great Gatsby (1925, O Grande Gatsby). Essa obra, uma das mais represantivas do romance americano, descreve a vida em alta sociedade com uma aguda reflexão crítica. Em 1934 publicou Tender is the Night (Suave é a Noite), romance pungente que o autor considerava sua melhor obra. 

Com a saúde já abalada pelo alcoolismo, Fitzgerald mudou-se então para Holywood, onde trabalhou como roteirista cinematográfico. Em 1939 começou a escrever seu último romance, The Love of the Last Tycoon (O Último Magnata), publicado postumamente em 1941. A obra era sua última tentativa de retratar a personalidade de um grande artífice do sonho americano.

Abaixo trecho do livro "O Grande Gatsby".






"Em meus anos mais juvenis e vulneráveis, meu pai me deu um conselho que jamais esqueci:

-Sempre que você tiver vontade de criticar alguém - disse-me ele, - lembre-se de que criatura alguma neste mundo teve as vantagens de que você desfrutou.

Ele nada mais disse, mas sempre fomos comunicativos de uma maneira bastante incomum e reservada, e eu compreendi que ele queria dizer muito mais do que isso. Por conseguinte, sintom-me inclinado a guardar para mim todos os meus juízos, hábito esse que fez com que muitas naturezas curiosas se abrissem comigo, mas que também me tornou vítima de muitos maçadores inveterados.

A mente anormal percebe-a rapidamente e sente-se atraída por essa qualidade, quando ela aparece numa pessoa normal, e, assim, aconteceu que, na universidade, eu fui injustamente acusado de ser um político, por saber guardar as mágoas secretas de indivíduos violentos, desconhecidos. Quase todas as confidências eram espontâneas, eu fingia, não raro, que estava dormindo, que me achava preocupado ou, então, revelava uma leviandade hostil, ao perceber, por certos sinais inconfundíveis, que uma revelação íntima palpitava no horizonte - pois que as revelações íntimas dos jovens ou, pelo menos, os termos em que eles as exprimem, têm, habitualmente, muito de plágio e, o que é pior, de plágios desfigurados por evidentes supressões. Reservar para nós os nossos juízos, é coisa que proporciona infinitas possibilidades. Tenho ainda certo receio de perder alguma coisa, se esquecer que, como meu pai pretensiosamente sugeria, e eu, pretensiosamente, repito, um certo senso de decência fundamental é concedido, ao homem, desigualmente, ao nascer.

E, após jactar-me assim de minha tolerância, devo admitir que ela tem limite. A conduta pode basear-se em rocha sólida ou em pântano alagadiço, mas, depois de certo ponto, pouco me importa aquilo em que ela se baseie. Quando voltei ao Leste, no outono passado, senti que queria que o mundo todo estivesse metido em uniforme e colocado numa espécie de posição de sentido moral permanente; estava farto de  excursões turbulentas, com privilegiados relanceares de olhares, ao coração humano. Somente Gatsby, o homem que empresta seu nome a este livro, se achava isento dessa minha reação - Gatsby, que representava tudo aquilo por que sinto natural desdém. Se a personalidade consiste numa série ininterrupta de gestos bem-sucedidos, então é certo que  havia nela algo magnífico, uma apurada sensibilidade para as promessas da vida, como se ele tivesse alguma relação com esses intrincados maquinismos que registram terremotos ocorridos a dez mil milhas de distância. Essa sensibilidade nada tinha com essa flácida impressionabilidade dignificada pelo nome de "temperamento criador": era um dom extraordinário de esperança, uma presteza romântica como jamais encontrei em qualquer outra pessoa e que, provavelmente, jamais tornarei a encontrar. Não... Gatsby saiu-se bem, no fim; o que perseguia Gatsby - a abominável poeira que pairava sobre a esteira de seus sonhos - é que fez com eu perdesse - temporariamente o interesse pelas tristezas abortivas e pelas ofegantes  alegrias dos homens.



Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/F._Scott_Fitzgerald

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